terça-feira, 15 de março de 2011

Ciência Política: uma aula da professora Janete Trichês

Da loucura, da opção entre Lula e Dilma, de Cuba, da maturidade política.

O estudante é por natureza um ser inquieto. Há uma busca do conhecimento, da sabedoria naqueles abstratos conceitos que se depara em seus estudos. A inquietude é fruto dessa busca. A notícia ruim é que essa busca é inglória, inalcançável, pois ninguém se torna um sábio, o máximo que poderá conseguir é descobrir o tamanho de sua própria ignorância,  e que, portanto, a inquietação será permanente. A notícia boa, bem, a notícia boa eu não sei.

Vamos à aula. E então a nossa colega Lisa disparou uma pergunta à professora: " Se você tivesse que escolher entre Lula e Dilma, qual seria sua opção?" Mineiramente, a Janete respondeu: "Pergunte-me isso ao final do primeiro mandato, aí eu terei uma opinião sobre a sua obra pronta, que provavelmente será o seu único (mandato)." E Lisa: "Obrigada, está respondida."

Ainda que tentasse uma saída neutra, o animal político que habita o interior de nossa professora o induziu àquele "que provalvelmente será o único." Uma opção subliminar, traindo sua tentativa de neutralidade.

O colega Élcio queria uma definição: "Professora, Cuba, na sua opinião, é ou não é um país Totalitário?" Fez-se silêncio. Eu olhei para o Élcio, ele olhava para a professora, e ela devia estar pensando: Fidel, não vou lhe abandonar agora, a revolução deve continuar. "Cuba é uma Democracia e não é uma Democracia (como assim?). Não é uma Democracia Liberal, mas é uma Democracia na medida em que há eleições diretas para todos os níveis (ah bom). Não é uma Democracia quando o mesmo grupo continua no poder desde sempre. Existem graduações de Democracia: Representativa, Participativa, Direta e Indireta", respondeu.

Abordou-se também o conceito de maturidade política, pertinente diante dos questionamentos travados nesse dia, que é justamente aceitar a diversidade de opinião, e entender a grandeza da tolerância.  E mais, o conflito, inerente aos debates, está na essência da Democracia, não deve ser evitado,  já que reflete o pluralismo político.

Foi rica essa aula. E a professora filosofou outra vez. "Os loucos, os suficientemente loucos, podem mudar o mundo, os normais se conformam com ele. Portanto, meus alunos, não tenham medo de serem loucos", disse.

Ser louco?  Sim, só um pouco, mas foi a professora que disse.

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