Finalizou o barbear e deu o último açoite no cabelo. Bebericaram o esquento. Virgínia retocou seu batom e mirou-se de soslaio no espelho. Deram-se as mãos e dirigiram-se à arena. A magia de uma noite de dança começa muito antes do primeiro passo no tablado de um certo salão. É milenar a crença que o magnetismo está no ritual.
Um brinde, um olhar, e a música. Um convite e segue-se a primeira dança daquela noite. Pernas se cruzam, corpos se tocam, um casal flutua no salão.
Em avanços e recuos, ora ligeiros, ora lentos, os bailarinos serpenteiam ao embalo das canções. Aquele momento não haverá de acabar. Há no ar um leve cheiro de êxtase. O casal baila como se estivesse sozinho no mundo. É a magia dos rituais de uma dança.
A noite avança pela madrugada e em algum lugar ficaram os dissabores. Remotas e recentes composições embalam o ritmo dos dançarinos. Como se estivessem fundidos, deslizam em movimentos livres e sincronizados.
A sessão caminha para o final. Juntam-se as mãos e dirigem-se à saída. A noite está só começando, tem pela frente a cereja do bolo. Naquele fragmento de tempo, viveram e dançaram nas nuvens.
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