Os dados da criação não foram favoráveis à formação de seu filho. Um menino especial. Especial para a mãe, mas especial também em sua constituição. Pouco importa se ele não tem a desenvoltura de outros jovens. Se o amor fosse mensurável, o amor daquela mãe seria maior que o mundo.
Precisava interná-lo naquele hospital.
Tinha que ser razoável, prática, racional. Seu coração precisava endurecer um
pouco, para não se arrepender depois. Leon não tinha a menor ideia do que se
passava. Para ele, a viagem era para levá-lo a uma colônia de férias. Sua mãe,
no entanto, sabia muito bem que seu filho demandava urgentes cuidados.
Já não tinha mais o controle da
situação. Surtos de violência eram cada vez mais frequentes. Sem contar com o
cheiro de drogas que chegava perigosamente cada vez mais perto.
A decisão já tomada. O carro desliza na
rodovia. Ainda assim, por vezes, vacilava. Gostaria de saber se essa era a
melhor solução. Em meio às suas duvidas, Leon cochilou um pouco. Ao longe, a
tênue visão dos prédios a fazia ver que a cidade se aproximava.
Seu olhar acariciou o rosto adormecido
de Leon. Sabia, agora, que tinha sido a escolhida para cuidar daquela vida. Não
queria mais reclamar, queria apenas acertar, tomar a decisão correta.
Antes que o portão de ferro separasse
mãe e filho, Leon, ainda sem entender o que se passava, pediu um abraço.
Ao cruzar o corredor, uma frase lhe
chamou a atenção: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas
ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. Carl Jung.
Duas quadras dali, o primeiro semáforo,
e Leon, lá atrás, ja deveria estar sabendo que aquilo não era uma colônia
de férias.
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