terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Não é uma colônia de férias

                 








            Os dados da criação não foram favoráveis à formação de seu filho. Um menino especial. Especial para a mãe, mas especial também em sua constituição. Pouco importa se ele não tem a desenvoltura de outros jovens. Se o amor fosse mensurável, o amor daquela mãe seria maior que o mundo.

Precisava interná-lo naquele hospital. Tinha que ser razoável, prática, racional. Seu coração precisava endurecer um pouco, para não se arrepender depois. Leon não tinha a menor ideia do que se passava. Para ele, a viagem era para levá-lo a uma colônia de férias. Sua mãe, no entanto, sabia muito bem que seu filho demandava urgentes cuidados.

Já não tinha mais o controle da situação. Surtos de violência eram cada vez mais frequentes. Sem contar com o cheiro de drogas que chegava perigosamente cada vez mais perto.

A decisão já tomada. O carro desliza na rodovia. Ainda assim, por vezes, vacilava. Gostaria de saber se essa era a melhor solução. Em meio às suas duvidas, Leon cochilou um pouco. Ao longe, a tênue visão dos prédios a fazia ver que a cidade se aproximava.

Seu olhar acariciou o rosto adormecido de Leon. Sabia, agora, que tinha sido a escolhida para cuidar daquela vida. Não queria mais reclamar, queria apenas acertar, tomar a decisão correta.

Antes que o portão de ferro separasse mãe e filho, Leon, ainda sem entender o que se passava, pediu um abraço.

Ao cruzar o corredor, uma frase lhe chamou a atenção: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. Carl Jung.

Duas quadras dali, o primeiro semáforo,  e Leon, lá atrás, ja deveria estar sabendo que aquilo não era uma colônia de férias.

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