quinta-feira, 23 de maio de 2013

Mistérios do amanhecer





O orvalho que virou geada. Querem alguns que foi obra do acaso; outros, que foi obra de um Arquiteto. Mistérios do amanhecer.

Como transmitir em palavras a sensação de frio, fico a me perguntar. O frio penetra em todos os poros. Quando falo, a voz parte da boca, mas logo se choca em um bloco invisível de gelo, e quase posso vê-la cair e rolar pela grama encoberta de geada. Animais e plantas usam artifícios para suportar baixas temperaturas. Uma grande parte sucumbe, porém. Outros devem nascer em seu lugar. O fim é a senha para a renovação. Ciclos da vida.

É muito cedo e a cidade ainda dorme. Um pássaro entoou seu cantar costumeiro, um cão uiva para dentro, aponta fumaça em uma chaminé. Em breve, alguns raios devem romper a névoa que se formou no horizonte, e deixar verde o chão agora branco. Mais tarde, a locomotiva - chalap, chalap - põe a cidade em movimento, e a geada então já se desfez. O orvalho não deixa de ser orvalho só por que pela manhã estava pintado de branco.

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