quinta-feira, 16 de maio de 2013

Meu filho

Por Aristeu Ferreira dos Santos

      Ser ou não ser é uma questão de ser e não do ser. E eu tentei sê-lo.
    A cada dia que passa vejo que são poucas as pessoas que se empenham por um ideal. A maioria vive por viver. É preciso ter ideal e ideal é um conjunto de ideias que impulsionam a vida, que dirigem a vida e que dão esse entusiasmo para viver.

    Sem ideal o homem não utiliza sua inteligência, sua vontade e sua liberdade. Fui e sou um idealista. E por isso, analisei, me esmerei, arregacei as mangas e fiz a minha parte. Tentei não ser um mero espectador. 

    A alegria de viver, a satisfação de viver surge daquilo que a gente é e tem. Meu filho Rui. Amei o que você escreveu para mim. Ao ler a sua mensagem vi e senti que sou muito mais daquilo que meus olhos veem. Sou muito mais daquilo que meus ouvidos ouvem, mais daquilo que minha mãos apertam, muito mais daquilo que sinto, percebo, que desejo e faço.

    Quero lhe agradecer e dizer que nem sempre os diplomas ensinam a viver, dão a sabedoria da vida, os gostos de viver, a alegria de viver.

    Em mim está a vida, em mim está Deus. Sou parte da vida total. Amei ter colocado você e seus irmãos nesse mar da vida, pois acredito ter sido uma gota nessa grande Vida.

    Obrigado por me amar.Eu também o amo.

***


Aristeu Ferreira dos Santos,  um homem singular

Por Rui Ferreira dos Santos

    Um homem singular, que na sua simplicidade possui um conhecimento amplo, vasto, que não se pode dimensionar, não se pode mensurar. Conhecimento que não se traduz em títulos, canudos, diplomas universitários, mas que encerra muitos deles, infinitamente superiores àqueles, que não se exterioriza em livros, textos, discursos, embora tenha origem, esse conhecimento vasto, em leituras várias de textos, discursos e livros. Livros, discursos e textos diversos, dos mais variados temas, leituras que já se denominou de dialéticas, "leituras dialéticas", dada a sua amplitude e constante questionamento.

    Um homem singular, de costumes simples, de aparência calma, que não gosta de muita exposição, introspectivo, mas ao mesmo tempo brincalhão, simpático.

    Sim, um homem singular. Todo esse conhecimento, vasto, incomensurável foi transmitido, também de forma singular - como é próprio dele -, ao longo do tempo, no dia-a-dia, na labuta diária do campo, da lavoura, da cidade, da pequena fábrica de tubos, da CAMOL, dos jogos de bolão, da própria casa, nos momentos de alegria e também nos momentos de infinita dor - essa dor que o tempo não dá conta e que de quando em quando volta, como agora - tudo isso foi transmitido aos seus filhos - não se questiona, aqui, a compreensão, o proveito ou não que os filhos tiveram desse aprendizado, desse exemplo de vivência. Certo é que o carinho que todos temos por ele é imenso, como ele próprio, singular, impossível de ser medido. De uma forma ou de outra transmitiu e transmite aos seus uma vivência que nos faz homens e mulheres, com a sua mesma estirpe, com ciência e consciência das coisas do mundo, do bem-viver, da importância da família, da união, da solidariedade, do trabalho, da amizade, do amor.

    Enfim, como eu disse desde logo, um homem singular. Ah, ia me esquecendo - por certo porque isto tem sido a tônica de toda a sua vida: retidão de caráter, constante, inabalável. Esse homem, singular, é meu pai. Obrigado por tudo. Obrigado por existir. Te amo.

   Caixas do Sul, 4 de dezembro de 2003.

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