sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Embriaguez de saudade

Aos amigos
Assis,
Carol e
Claudete.

As dores da perda de alguém tão próximo são sulcos esculpidos na alma. Feridas que não cicatrizam. Nos primeiros dias, tudo que buscamos são lapsos de lembranças, remoemos saudades,  revivemos momentos, saltamos do passado próximo ao passado remoto, abandonamos as coisas que nos cercam, consumimos toda nossa energia agarrados ao último calor, ao último suspiro. Não nos interessa o amanhã, os projetos, as vidas que ficaram. O vazio, o nada é tudo que temos agora. Não queremos emergir desse mergulho profundo, dessa embriaguez. Fazemos de nossos pensamentos cânticos de amor e saudade. Demoramos a perceber que morremos aos poucos. Que  as vidas que se vão das pessoas queridas levam pedaços de nossa alma. Precisamos reagir, querem os nossos, mas não temos força, nem vontade. Não envelhecemos pelo passar dos anos, mas pelas perdas acumuladas de quem amamos.

Na penumbra do quarto onde choramos, cansados, derrotados, vencidos, invade um raio de sol como a nos dizer que deu, que chega, que lá fora há coisas para disfarçar nossa tristeza.

Então, da janela de nosso quarto, percebemos que os carros passam, buzinam, param no sinal, prosseguem, tudo está tão disfarçadamente igual...

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