A Rute mencionou Kafka. Rebusquei na memória os livros que teria lido de Kafka. Vieram-me rapidamente O Processo, A Metamorfose e um livreto intitulado Carta ao Pai. É sobre este último que falo.
Era verão. Mi amor e eu estávamos na praia, em Torres, como costumávamos fazer. Durante uma caminhada, passamos em frente a uma livraria, e eu entrei, como de hábito.
Ali encontrei Carta ao Pai. Li num só golpe. Por supuesto, se você já não é o mesmo após uma leitura, é porque ela valeu a pena.
Naquela tarde, o sol discretamente se despedia. Tomávamos caipirinhas à beira-mar, e eu comentava, empolgado, minhas impressões sobre Carta ao Pai com a Clau.
O que me recordo agora é o fato da relação conflituosa entre os dois. E aquela carta seria uma espécie de desabafo, uma prestação de contas do passado, algo assim.
Lembro-me de que Kafka, em algum momento da carta, dizia que não se daria ao trabalho de entregá-la ao pai, pois tinha certeza de que ele jamais a leria.
Temporada em reabilitação, Bombinhas, maio de 2025.
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