domingo, 12 de março de 2023

A paisagem é um livro de histórias

 A paisagem é um livro de histórias



O foco aqui é sobre as contribuições da História Ambiental ao estudo da história humana. Salutar, pois, contextualizar o momento presente: um cargueiro encalha no Canal de Suez; um vírus provoca pandemia, causando mais mortes do que muitos eventos naturais; em nível local, bem, em nível local está uma maravilha: o vírus é uma criação comunista, e a variável de desenvolvimento sustentável é interferência indevida na soberania nacional. 


De modo que não é sobre o que a política de um país pode fazer para a construção da História Ambiental, mas o que a História Ambiental conta sobre a ação humana. A ação humana de hoje (queimadas em larga escala, flexibilização de políticas ambientais) certamente será objeto de leitura de historiadores ambientais, em futuro próximo. Como preâmbulo, é isso.


Segundo Oliveira (2018), a História Ambiental, de caráter interdisciplinar,  se sustenta em 3 grandes pilares: metabolismo social, paisagem e território. Discorrer sobre tais pilares, pois, é adentrar nas profundezas da História Ambiental.


O metabolismo social, assim como o conceito de metabolismo aplicado à Biologia, é o processo pelo qual o homo sapiens interfere (e também sobre interferências) na paisagem e no território. De modo que é possível estudar que tipo de humano habitou tal lugar, a partir da observação de suas marcas em determinado espaço. Em outros termos, a História Ambiental conta o que foi feito com as coisas da natureza, e assim contando pode construir a história daquele que nela interferir. Assim, em quebra de paradigma, a História Ambiental não conta a história de heróis, de nações vencedoras, de impérios, de ditadores, mas esmiúça a história a partir de um ponto de vista ecológico.  


Por sua vez, o pilar paisagem está carregado de histórias, impregnado de passado. Carrega em suas entranhas a herança de processos naturais, assim como da relação com humanos. Por isso, a paisagem é algo em constante transformação, em movimento. A rigor, uma paisagem é um livro de histórias.


Já o território, outro pilar da História Ambiental, é o ponto geográfico onde grupos, humanos ou não, se estabelecem. De sorte que o território tem o condão de moldar as pessoas e a fauna em geral, já que as condições ambientais é que definem, pelo menos em parte, a profissão das pessoas, seus afazeres, assim como a sobrevivência ou não de certos animais. Outra vez, a História Ambiental pode ser escrita a partir do estudo de tal lugar, mesmo centenas de anos após sua ocupação.


Por fim, parece óbvio que a História Ambiental, para avançar na história do conhecimento, deve tomar de empréstimo saberes de outras áreas, tais como Biologia, Botânica, Sociologia, Filosofia, História, Geografia, Paleontologia, entre tantos outros.


Charles


Referências


OLIVEIRA, Rogério Ribeiro de. A história no lombo de mulas: transformação da paisagem e História Ambiental. Departamento de Geografia e Meio Ambiente, PUC, Rio de Janeiro, 2018.


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