Na quietude de minha presença, estava ali conversando comigo mesmo. Era um costume que trazia desde minha adolescência, desde até onde consigo vasculhar o passado. Lembro-me que, por volta dos meus 12 anos, enquanto caminhava na avenida daquela cidadezinha do interior, eu boxeava com uma pessoa invisível. Um carro diminuiu a velocidade ao passar por mim, e o motorista mandou: “Bate nele, vai…” Nisso, voltei à realidade e segui caminhando. Era um traço que levaria comigo ao longo dos anos, talvez de introspecção, quem sabe.
Tempos depois, muito tempo depois, estou no quarto conversando sozinho, e então minha esposa me surpreende e pergunta com quem eu estaria conversando. De imediato, não me ocorreu uma reação em palavras; apenas voltei à realidade naquele instante. Pensei comigo: "Ora, ora, minha esposa, estou conversando com meus botões."
Bombinhas, julho de 2024.
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