terça-feira, 30 de julho de 2024

Conversando com os meus botões



Na quietude de minha presença, estava ali conversando comigo mesmo. Era um costume que trazia desde minha adolescência, desde até onde consigo vasculhar o passado. Lembro-me que, por volta dos meus 12 anos, enquanto caminhava na avenida daquela cidadezinha do interior, eu boxeava com uma pessoa invisível. Um carro diminuiu a velocidade ao passar por mim, e o motorista mandou: “Bate nele, vai…” Nisso, voltei à realidade e segui caminhando. Era um traço que levaria comigo ao longo dos anos, talvez de introspecção, quem sabe.

Tempos depois, muito tempo depois, estou no quarto conversando sozinho, e então minha esposa me surpreende e pergunta com quem eu estaria conversando. De imediato, não me ocorreu uma reação em palavras; apenas voltei à realidade naquele instante. Pensei comigo: "Ora, ora, minha esposa, estou conversando com meus botões."

Bombinhas, julho de 2024.



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