domingo, 22 de dezembro de 2024

Entre um silêncio e outro

Entre um silêncio e outro

Era uma tarde fria de julho. Meu pai lia seu jornal e eu percorria certo trecho de um livro tirado ao acaso de sua estante.

Entre um silêncio e outro, meu pai às vezes me perguntava: "Quantos anos você tem?" Eu olhava para seus olhos e respondia: "Que diferença isso faz agora, meu pai?" "Ora" - dizia ele, num misto de afirmação e pergunta - "não estaria na hora de você criar juízo?"

Entre um silêncio e outro, eu perguntava para o meu pai: "Com quantos anos o senhor criou juízo?" Ele, então, retrucava: "Que diferença isso faz, filho?", e ria zombeteiro, completando: "Eu só desejo o seu bem." Eu respondia de pronto: "Eu também." E o silêncio reinava novamente.

"Aquele que vem de fora, com 10 letras, o seu sinônimo, 11 letras?"

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Anotações sobre Sonhos de Bunker Hill, de John Fante

 Anotações sobre Sonhos de Bunker Hill, de John Fante




Bukowski escreveu sobre John Fante: "Finalmente aqui está um homem que não tem medo de emoção".

Trechos:

Eu era um ajudante de garçom sem igual, com grande verve e estilo para a profissão.

Embora fosse pavorosamente mal pago. 

(É a história de Arturo Bandini).

Parei e escutei. Ouvi alguma coisa. Era o som da felicidade. 

Correu para a arrebentação.

Você é acusado de vadiagem. Dez dólares de fiança ou cinco dias detido.

Não era culpa deles, concluí. Era eu, um desajustado social. 

Começando com um jogo de pingue-pongue na garagem.

Perca sua fé, e você perde tudo, dizia minha mãe.

Eu havia saído do mundo, e agora era difícil encontrar o caminho de volta.

Alguém que seja jovem, simples e sem manias. 

Por onde você andou todos esses anos?

Um nome esquecido na meca do cinema.

Ôôô, eia.

Ela pregou botões e cerziu meias.



(Bombinhas, leitura em dezembro de 2024).









domingo, 29 de setembro de 2024

Considerações sobre a máxima: Vote na pessoa, não no partido.

 

Existe uma máxima que se arrasta no tempo (pois se não fosse assim não seria uma máxima*). "Vote na pessoa, não no partido". Hoje alguém repetiu essa máxima como se isso fosse o conselho mais sábio que alguém possa dar. 


I

Primeiramente vamos analisar o que a IA responde sobre isso. Todavia, ressalto que a pergunta já direciona para um ponto de vista.

Faça uma análise crítica de "Vote na pessoa, não no partido". Aborde o aspecto da ignorância política, o distanciamento de lutas sociais, a indiferença à luta de classes, a luta pela desigualdade. Pois, em suma, buscamos, além da escolha de uma pessoa íntegra, representantes que estejam alinhados com esses ideais.


A frase “Vote na pessoa, não no partido” sugere que os eleitores devem focar nas qualidades individuais dos candidatos em vez de suas afiliações partidárias. Embora essa abordagem possa parecer sensata à primeira vista, ela apresenta várias implicações críticas que merecem uma análise mais profunda.

Ignorância Política

Focar exclusivamente na pessoa pode levar à ignorância política, onde os eleitores não consideram as plataformas e ideologias dos partidos. Os partidos políticos geralmente representam um conjunto de valores e políticas que refletem uma visão de sociedade. Ignorar isso pode resultar em uma escolha desinformada, onde o eleitor não compreende completamente as implicações das políticas que o candidato apoiará.

Distanciamento de Lutas Sociais

Os partidos políticos frequentemente têm raízes em movimentos sociais e representam lutas históricas por direitos e justiça social. Votar apenas na pessoa pode desconsiderar essas conexões importantes. Por exemplo, um candidato pode parecer íntegro e competente, mas se ele pertence a um partido que historicamente se opõe a certas lutas sociais, sua eleição pode prejudicar esses movimentos.

Indiferença à Luta de Classes

A luta de classes é um aspecto central na política, aonde diferentes partidos têm abordagens distintas para lidar com a desigualdade econômica. Votar na pessoa e não no partido pode levar à eleição de candidatos que, apesar de parecerem justos individualmente, apoiam políticas que perpetuam a desigualdade. A escolha de representantes deve considerar como suas políticas impactarão diferentes classes sociais.

Luta pela Desigualdade

A luta contra a desigualdade requer uma abordagem coletiva e sistêmica, algo que os partidos políticos estão mais bem equipados para enfrentar do que indivíduos isolados. Partidos com uma plataforma clara de combate à desigualdade podem implementar políticas abrangentes e coordenadas. Votar apenas na pessoa pode fragmentar esses esforços e enfraquecer a luta contra a desigualdade.

Conclusão

Embora a integridade pessoal dos candidatos seja importante, é crucial que os eleitores considerem também as ideologias e políticas dos partidos aos quais eles pertencem. A escolha de representantes deve ser baseada não apenas na integridade individual, mas também em como suas políticas e afiliações partidárias alinham-se com os ideais de justiça social, igualdade e progresso coletivo. Afinal, a política é um esforço coletivo, e os partidos são os veículos através dos quais mudanças sistêmicas podem ser efetivamente realizadas

* As máximas um dia também se tornam anacrônicas. Por isso, é importante reavaliar e atualizar nossas máximas e princípios à medida que a sociedade avança, garantindo que eles (os princípios) continuem a refletir os valores e necessidades contemporâneos.


II

Em segundo momento, registro que isso aqui, essa abordagem, é uma conversa que faço comigo mesmo para apaziguar meu espírito inquieto.

Bombinhas, 29 de setembro de 2024.





sábado, 28 de setembro de 2024

Anotações sobre Budapeste, de Chico Buarque

 



Budapeste, romance, de Chico Buarque

Fragmentos...

Eu era talvez um elemento estranho.

Viajei trinta horas com o pensamento em branco.

Neologismo, arcaísmos, metáforas geniais, galicismos, cacófatos.

Personagens tão obscuros quanto eu mesmo.

Ela sempre tinha uma resposta para tudo.

Aristóteles era mudo até os oito anos, não sei de onde ela tirou isso.

A passagem por Budapeste se dissipara no meu cérebro.

Com um colete cáqui cheio de bolsos.

Cheguei ao Danúbio tão depressa que olhei meus pés, para me assegurar de andar com eles e não com o pensamento.

Portanto, quedei na expectativa de novas palavras.

José Costa.

Adquirindo como que rugas na voz.

Ghost-writers.

Truncar a veia criadora na plenitude da vida.

Houve um átimo de silêncio.

Quebrou uma onda mais forte.

Acho que a primavera fazia bem a ela.

Serviu um espaguete à bolonhesa preparado na hora.

Eu bicava palavras aqui e ali de línguas que conhecera, um pouco assim como um recém-solteiro sai a revisitar antigas namoradas.

Dormitei um tempo no salão de embarque.

De longe avistei a vila de casas gêmeas.

Ao som de um mar.

(Em Budapeste se fala o húngaro).

Difícil mesmo seria apagá-lo da mente.

Ali, por uns segundos tive a sensação de ter desembarcado em um país de língua desconhecida, o que para mim era sempre uma sensação boa, era como se a vida fosse partir do zero.


Resenha de "Budapeste", de Chico Buarque*

Introdução

"Budapeste", publicado em 2003, é um romance instigante que revela a maestria de Chico Buarque na construção de narrativas que exploram a complexidade das relações humanas, a identidade e o papel da linguagem. Ambientada em um universo que oscila entre o real e o imaginário, a obra narra a história de José Costa, um ghost-writer que vive em um Brasil contemporâneo, mas que se vê cada vez mais seduzido pela ideia de uma vida em Budapeste, uma cidade que se torna um símbolo de suas aspirações e de sua busca por significado.

Enredo e Temas

A trama se desenrola em torno de José Costa, um escritor que se sente perdido e insatisfeito com sua vida. O protagonista, que é de origem brasileira, vive um cotidiano repleto de convenções, mas encontra na língua húngara uma forma de libertação. Sua imersão em Budapeste, cidade que nunca visitou, é um reflexo de seu desejo por uma nova identidade, longe das amarras da sua realidade. O romance se desenvolve em um ritmo que mistura o cotidiano de José, suas reflexões íntimas e as interações com personagens que compõem seu universo — desde sua esposa, até amigos e amantes, que representam diferentes aspectos de sua vida.

Um dos temas centrais da obra é a busca por identidade em um mundo globalizado, onde as fronteiras culturais se tornam cada vez mais fluidas. A relação de José com a língua e com a cultura húngara ilustra essa busca. O ato de escrever se transforma em um ato de criação da própria identidade, onde a possibilidade de se reinventar é tanto uma esperança quanto uma armadilha. Através dessa construção, Buarque explora a relação entre linguagem, cultura e subjetividade, questionando o que realmente significa pertencer a um lugar.

Estilo e Estrutura

Chico Buarque é conhecido por seu estilo poético e suas habilidades narrativas, e "Budapeste" não é exceção. A prosa é rica em metáforas e imagens, criando uma atmosfera que cativa o leitor desde as primeiras páginas. A estrutura do romance é não linear, alternando entre flashbacks e devaneios do protagonista, o que proporciona uma leitura dinâmica e envolvente. Essa estrutura fragmentada reflete a própria confusão de José em relação à sua identidade, permitindo que o leitor vivencie essa busca de forma intensa.

Além disso, o uso da língua é uma característica marcante na obra. A maneira como José se apropria do húngaro e sua tentativa de dominá-lo se tornam uma metáfora para sua luta interna. Buarque utiliza a linguagem não apenas como um meio de comunicação, mas como um elemento fundamental na construção de identidade. A intertextualidade com a literatura e a música também é uma marca registrada do autor, enriquecendo ainda mais a narrativa e trazendo uma profundidade adicional à experiência de leitura.

Conclusão

"Budapeste" é uma obra que vai além de um simples romance; é uma reflexão profunda sobre a busca por identidade em tempos de incerteza e transformação. Por meio de José Costa, Chico Buarque nos convida a refletir sobre nossas próprias vidas e os lugares que habitamos — tanto físicos quanto simbólicos. A habilidade do autor em mesclar elementos autobiográficos, culturais e ficcionais resulta em uma obra que ressoa com o leitor, estimulando questões sobre pertencimento, linguagem e a natureza da criatividade.

Em suma, "Budapeste" é um testemunho da capacidade de Chico Buarque de transcender fronteiras, tanto literárias quanto existenciais. A obra se afirma como uma das mais importantes da literatura brasileira contemporânea, solidificando o autor como uma voz única e influente na reflexão sobre a condição humana.


* Texto criado pelo ChatGPT.


Resenha de "Budapeste", de Chico Buarque**


Budapeste, de Chico Buarque, é um romance que explora a dualidade e a identidade através da vida de José Costa, um ghost-writer carioca. Publicado em 2003, o livro é narrado em primeira pessoa e combina uma narrativa densa com um humor peculiar, características marcantes do estilo de Buarque.

A trama se desenrola entre duas cidades: Rio de Janeiro e Budapeste. José Costa, após um congresso de escritores anônimos em Istambul, acaba em Budapeste devido a um desvio de voo. Fascinado pela cidade e pela língua húngara, ele decide dividir sua vida entre o Brasil e a Hungria. Em Budapeste, ele assume uma nova identidade e se envolve com Kriska, uma professora de húngaro, enquanto no Rio de Janeiro, ele mantém seu casamento com Vanda.

A narrativa é permeada por pares simétricos e espelhamentos, refletindo a crise de identidade do protagonista. José Costa vive entre duas culturas, duas línguas e duas mulheres, o que intensifica seu conflito interno. A obra discute temas como a busca por identidade, a alienação e a duplicidade, utilizando a cidade de Budapeste como um símbolo de mistério e transformação.

O romance também aborda a questão da autoria e do anonimato. Como ghost-writer, José Costa escreve livros que nunca levam seu nome, o que o leva a questionar seu próprio valor e existência. A escrita de Buarque é rica em detalhes e metáforas, criando uma atmosfera envolvente e reflexiva.

Budapeste é uma obra que desafia o leitor a refletir sobre a complexidade da identidade humana e a dualidade presente em nossas vidas. Com sua narrativa sofisticada e personagens profundos, Chico Buarque confirma seu talento como um dos grandes romancistas brasileiros contemporâneos.


**Criado por Copilot.












segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Él ha perdido interés en la política

Él ha perdido interés en la política. Eso es una constatación triste, por varias razones. Es verdad que la política tiene aspectos que pueden provocar revueltas en las personas. Por ejemplo, la permanencia de las desigualdades sociales tan acentuadas, las cuales vienen desde siempre. Por otro lado, la casta de privilegiados se mantiene intocable con el pasar de los años. La violencia sigue siempre. La pobreza no encuentra soluciones para vencerla. Las leyes cambian en razón de intereses de grupos dominantes. Todavía, la política aún es el único camino para encontrar soluciones para esos problemas.

*Él ha perdido interés en la política, un fenómeno que no es raro en la actualidad. Muchos individuos que antes estaban profundamente comprometidos con los asuntos públicos, las discusiones políticas y los debates ideológicos, ahora sienten una creciente desconexión o incluso apatía hacia este ámbito. Las razones detrás de este cambio pueden ser diversas, y varían según el contexto personal, social y cultural de cada individuo.

Por un lado, la frustración puede ser un factor clave. Las promesas incumplidas de los políticos, la corrupción y la falta de resultados tangibles a lo largo del tiempo pueden llevar a un desencanto generalizado. Las personas sienten que sus voces no son escuchadas o que sus votos no tienen el impacto que esperaban. Esto puede generar una sensación de impotencia, alimentando la idea de que la participación política es inútil.

Por otro lado, la sobrecarga informativa y la polarización de los medios de comunicación también juegan un papel importante. Hoy en día, estamos expuestos a una cantidad abrumadora de información, muchas veces conflictiva y sesgada. La política, en lugar de ser un espacio de diálogo constructivo, se ha convertido en un terreno donde predominan los ataques personales, las noticias falsas y la manipulación mediática. Esto puede agotar a las personas y hacer que pierdan el interés en seguir el ritmo de los eventos políticos.

Además, la vida moderna plantea otras prioridades. Entre el trabajo, la familia, los estudios y las responsabilidades cotidianas, muchas personas no encuentran tiempo ni energía para involucrarse activamente en la política. En este sentido, la política deja de ser una prioridad en sus vidas, ya que se enfocan más en resolver problemas inmediatos y personales.

Finalmente, es importante señalar que la pérdida de interés en la política no necesariamente implica una indiferencia total hacia el bienestar social. Muchas personas encuentran otras maneras de contribuir a la sociedad, como a través del voluntariado, el activismo ambiental o el apoyo a causas específicas. Aunque hayan perdido fe en el sistema político, su deseo de cambio y mejora sigue vigente, solo que canalizado de manera diferente.

En resumen, cuando una persona pierde interés en la política, no se trata simplemente de una falta de compromiso cívico, sino de una serie de factores que influyen en su percepción y motivación. Es un síntoma de un sistema que, en muchos casos, no logra conectar con las necesidades y expectativas de los ciudadanos.

* A partir desse ponto, desenvolvido pelo ChatGPT, após a frase provocadora em negrito extraída do Duolingo.

Las iglesias siguen el movimento de la sociedad

 

Las iglesias siguen el movimiento de la sociedad. Es decir, las Escrituras son interpretadas a la luz del momento presente, lo que implica que todo cambia. Sin embargo, la Iglesia, por su naturaleza, es un órgano conservador. Como consecuencia, lo que tiene valor hoy puede no tenerlo mañana.


*La frase "Las iglesias siguen el movimiento de la sociedad" sugiere que las instituciones religiosas tienden a adaptarse y responder a los cambios y dinámicas que ocurren en la sociedad en la que se encuentran. Este concepto puede ser analizado desde varias perspectivas:

1. Adaptación a los Cambios Sociales: A lo largo de la historia, las iglesias han mostrado una capacidad para adaptarse a las transformaciones sociales. Por ejemplo, en épocas de cambio social o revolución, como la Reforma Protestante en el siglo XVI, las iglesias a menudo modificaron sus prácticas y doctrinas para mantenerse relevantes. De manera similar, en tiempos modernos, muchas iglesias han abordado temas contemporáneos como los derechos humanos, el feminismo y la igualdad de género, en un esfuerzo por conectar con las preocupaciones actuales de la sociedad.

2. Resistencia a la Modernidad: No obstante, esta adaptación no siempre es lineal o sin conflicto. En ocasiones, las iglesias han resistido o incluso se han opuesto a ciertos movimientos sociales. Por ejemplo, en cuestiones como el matrimonio entre personas del mismo sexo o la eutanasia, algunas denominaciones religiosas han mantenido posturas tradicionales en contraste con las tendencias más progresistas de la sociedad. Esta resistencia puede ser vista como una forma de las iglesias de mantener una identidad distintiva frente a la presión social.

3. Influencia Mutua: La relación entre las iglesias y la sociedad es a menudo bidireccional. Así como las iglesias pueden seguir el movimiento de la sociedad, también pueden influir en ella. A través de su enseñanza y prácticas, las iglesias pueden moldear actitudes y comportamientos en la sociedad. Por ejemplo, los movimientos religiosos han jugado un papel importante en la promoción de cambios sociales y en la lucha por justicia social a lo largo de la historia.

4. Diversidad Interna: Es importante reconocer que dentro de cada religión o denominación, puede haber una diversidad de respuestas al cambio social. Mientras que algunas congregaciones pueden estar a la vanguardia de los cambios sociales, otras pueden ser más conservadoras o incluso reaccionarias.

En resumen, la frase destaca la dinámica entre las iglesias y la sociedad, sugiriendo que, aunque las iglesias tienen sus propias tradiciones y doctrinas, frecuentemente se ven influenciadas por el contexto social en el que operan. Esta relación es compleja y varía según la época, el lugar y la denominación específica.

* Texto criado pelo ChatGPT, após a provocação com a frase em negrito. Essa frase vem do Duolingo.




quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Por preferência ou necessidade

Finalmente, o fim de semana chegara. Seria o momento de ficar em casa, se envolver com a família, com as coisas da casa, só que ele não se permitia esse prazer, ou desprazer, não sei. Aos sábados e domingos, por preferência ou necessidade, ele cambiava sua função da semana de balanceiro para vigilante. E assim passava mais um fim de semana com meu pai envolvido até o pescoço no trabalho. Lá em casa, era uma disputa para saber quem levaria a marmita ao meio-dia para o pai. Seria uma oportunidade rara de um fugaz momento com ele. Indeléveis recordações de minha adolescência.

Bombinhas, setembro chegou, 2024.

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Análise do Decreto-Lei n.º 911/1969 à luz do Código de Defesa do Consumidor

 

Análise do Decreto-Lei n.º 911/1969 à luz do Código de Defesa do Consumidor*


Introdução

O Decreto-Lei n.º 911, de 1º de outubro de 1969, foi um marco importante no ordenamento jurídico brasileiro, especialmente no que diz respeito à regulamentação das relações de crédito e à proteção dos credores em caso de inadimplemento. No entanto, com a promulgação do Código de Defesa do Consumidor (CDC) em 11 de setembro de 1990, surgiram novas diretrizes e princípios que influenciam diretamente a aplicabilidade e a interpretação de normas como as contidas no Decreto-Lei n.º 911/1969. Esta análise busca comparar os dois diplomas legais, considerando suas implicações e a evolução das práticas de proteção ao consumidor.

O Decreto-Lei n.º 911/1969

O Decreto-Lei n.º 911/1969 estabeleceu um regime especial para a cobrança judicial de dívidas garantidas por bens móveis. Em essência, o Decreto-Lei introduziu o procedimento de "execução especial" que visava simplificar e acelerar a recuperação de créditos garantidos por alienação fiduciária. Este regime permitia que o credor, em caso de inadimplemento, realizasse a execução direta do bem objeto da garantia, sem a necessidade de um processo judicial completo. A medida tinha como objetivo proporcionar maior segurança e agilidade ao credor, reduzindo a morosidade dos processos de cobrança.

O Código de Defesa do Consumidor (CDC)

O Código de Defesa do Consumidor, por sua vez, estabelece um conjunto abrangente de normas voltadas à proteção do consumidor, buscando equilibrar a relação entre consumidores e fornecedores. O CDC introduziu princípios fundamentais, como a transparência, a boa-fé, e a proteção contra práticas abusivas. A Lei nº 8.078/1990 reforça a ideia de que o consumidor deve ser protegido em suas transações comerciais, e que cláusulas que causem desequilíbrio excessivo em favor do fornecedor são consideradas nulas.

Convergências e Divergências

1. Proteção ao Consumidor

A principal divergência entre o Decreto-Lei nº 911/1969 e o CDC reside na abordagem da proteção ao consumidor. O Decreto-Lei nº 911/1969, com seu enfoque no credor e na eficiência da execução, pode ser visto como uma norma que prioriza a recuperação rápida do crédito, em detrimento da proteção ao devedor. Por outro lado, o CDC tem um claro foco na proteção dos consumidores, visando evitar abusos e assegurar que os direitos dos devedores sejam respeitados.

2. Procedimento de Execução

O procedimento de execução previsto pelo Decreto-Lei n.º 911/1969 é mais simplificado e rápido, permitindo ao credor tomar posse do bem sem o trâmite de um processo judicial longo. O CDC, contudo, impõe a necessidade de práticas justas e equilibradas, e qualquer cláusula ou prática que vá contra esse princípio pode ser contestada judicialmente. A implementação das normas do CDC pode impactar a aplicação do Decreto-Lei n.º 911/1969, pois as práticas previstas por este último devem estar conforme os princípios e regras estabelecidos pelo CDC.

3. Evolução e Adequação

Com o advento do CDC, a necessidade de adequação das normas anteriores se tornou evidente. O CDC trouxe uma nova perspectiva que valoriza o equilíbrio entre as partes e busca corrigir as desigualdades nas relações de consumo. Embora o Decreto-Lei n.º 911/1969 ainda esteja em vigor, ele deve ser interpretado e aplicado para não contrariar os princípios do CDC. A jurisprudência e a prática judicial têm, gradualmente, ajustado a aplicação das normas para assegurar que o tratamento dado ao consumidor esteja em consonância com a proteção prevista pelo CDC.

Conclusão

O Decreto-Lei nº 911/1969 e o Código de Defesa do Consumidor representam etapas distintas na evolução da proteção jurídica no Brasil. Enquanto o Decreto-Lei foi um avanço significativo em sua época para a recuperação de créditos, o CDC trouxe um novo paradigma de proteção ao consumidor que impõe a necessidade de uma abordagem mais equilibrada e justa nas relações de consumo. A convivência entre essas normas exige uma interpretação cuidadosa e uma aplicação que respeite os princípios de proteção ao consumidor estabelecido pelo CDC, garantindo que os direitos dos consumidores sejam preservados mesmo na execução de dívidas garantidas por bens móveis.


*Este texto recebeu auxílio do ChatGPT.

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Anotações sobre Ninguém Escreve ao Coronel, de Gabriel Garcia Marquez

 



Lia, e por alguma coisa que não sei explicar, revivia a minha adolescência. 

Ela descreve muito bem, mas tem algo que só lendo para entender...

O tempo parece parado naquele lugar, mas, na verdade, o tempo caminha inexorável.






sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Anotações sobre O avesso da pele, de Jeferson Tenório

 


Anotações

A condição de negro num país racista. 



Resenha de “O Avesso da Pele” de Jeferson Tenório*

“O Avesso da Pele” é um romance impactante e necessário, escrito por Jeferson Tenório e publicado pela Companhia das Letras em 2020. A obra aborda temas como racismo estrutural, violência policial, e as complexas relações familiares, especialmente entre pai e filho.

A narrativa é conduzida por Pedro, um jovem negro que, após a morte de seu pai Henrique em uma abordagem policial desastrosa, busca entender e reconstruir a história de sua família. Por meio de uma narrativa sensível e, por vezes, brutal, Tenório expõe as fraturas existenciais e sociais que marcam a vida de negros no Brasil.

Enredo e Personagens

Pedro, o protagonista, é um jovem que tenta lidar com a perda do pai e, ao mesmo tempo, compreender a sua própria identidade. Henrique, o pai, é retratado como um homem que enfrentou diversas formas de racismo ao longo de sua vida, desde as piadas racistas na família da namorada branca até a violência policial que culminou em sua morte. A mãe de Pedro, Martha, também tem uma história marcada por dificuldades, tendo sido separada das irmãs e criada por uma família branca após a morte dos pais.

A relação entre Pedro e Henrique é central na narrativa. Através das memórias e objetos deixados pelo pai, Pedro reconstrói a trajetória de Henrique, revelando um homem que, apesar das adversidades, buscou educar e proteger seu filho. A figura do professor Oliveira é crucial na formação de Henrique, ajudando-o a tomar consciência do racismo estrutural que permeia a sociedade.

Temas e Estilo

O racismo estrutural é o tema central do livro. Tenório aborda o racismo de maneira multifacetada, mostrando como ele afeta todos os aspectos da vida dos personagens. A violência policial, a falência do sistema educacional e as relações inter-raciais são exploradas com profundidade e sensibilidade.

O estilo narrativo de Tenório é inovador e corajoso. A história é contada em segunda pessoa, como se Pedro estivesse conversando diretamente com o pai falecido. Essa escolha estilística cria uma sensação de intimidade e urgência, aproximando o leitor dos sentimentos e pensamentos dos personagens.

Impacto e Relevância

“O Avesso da Pele” é uma obra essencial para quem deseja entender melhor o racismo estrutural no Brasil. Por meio de uma narrativa poderosa e personagens bem construídos, Tenório oferece uma reflexão profunda sobre as condições existenciais da população negra e os privilégios da branquitude.

O livro foi merecidamente premiado com o Prêmio Jabuti de 2021 na categoria Romance Literário, consolidando Jeferson Tenório como uma das vozes mais potentes e estilisticamente corajosas da literatura brasileira contemporânea123.

Em resumo, “O Avesso da Pele” é uma leitura indispensável para quem busca compreender as complexidades das relações raciais no Brasil e a luta contínua contra o racismo. A obra de Tenório é um testemunho da resistência e resiliência da população negra, e uma chamada à ação para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

*Com auxílio de Copilot IA.


Ganhei esse livro da Michele, aniversário de 66 anos.

Peru, a caminho de Machu Picchu, maio de 2024.






domingo, 11 de agosto de 2024

Anotações sobre O filho de mil homens, de Valter Hugo Mãe

 


Primeiro comentário: É uma prosa parecendo poesia.

Trechos...

A esperança era uma coisa muda e feita para ser um pouco secreta.

Quem tem menos medo de sofrer, tem maiores possibilidades de ser feliz.

Quanto maior importância dessem ao sucedido, mais parecia que se acusavam de paternidade.

Como esses mortos cujas almas se esqueceram de partir.

Mas o menino, afinal, chorou. Tinha alma. O passado é uma herança de que não se pode abdicar.

Um sopro do vento que se assemelhava a um murmúrio.

Por algum motivo,

De falarem as pessoas mais sobre o tempo do que sobre o filho de quinze pais que ninguém fora ver.

Dentro de alguma tristeza, era feliz.

Ler seria fundamental para a saúde.

O Alfredo partia um pouco a cada dia.

Uma casa que parecia vazia mesmo com ele lá dentro.

Ser o que se pode é a felicidade.

A vizinha não reconfortava a Matilde em nada.

Não falou nem gritou com ninguém.

Os filhos perdoados são outra vez perfeitos.

O rapaz pequeno crescia semeado com boa esperança.

Faziam também parte dos que escolhiam ser uma porcaria ao invés de quererem ser normais, como as prostitutas, os drogados, os surfistas e os cantores.

Não se tocavam e não se entreolhavam.

Contavam as versões boas de todas as histórias, mesmo das mais terríveis.

As crianças não deveriam crescer nunca porque as crianças são perfeitas.

Quem perdeu a mãe perde-a para sempre e nunca mais para de a perder. 

Tem tanto de despachada quanto de complicada.

As pessoas eram assim mesmo, feitas de imprudências. Quem sabe se a imprudência é a felicidade.

Apresentar o Antonino com essa máscara tão cristã de estar casado.

Nunca queira livrar-se do coração. Siga-o.

Não era costume que alguém lhe respondesse com tão grande intensidade nos olhos.

Se não esperamos nada (da vida), tudo quanto existe já abundância.

Nunca por preconceito algum limite o amor.

Pequeno-almoço.

Arrumada de flores e perfumes para fazer de conta que a morte era uma coisa bonita.

As flores silvestres significavam uma generosidade de beleza que os campos tinham para toda a gente. 


Dias dos pais, 11 de agosto de 2024.


Resenha de "O Filho de Mil Homens", de Valter Hugo Mãe*

“O Filho de Mil Homens”, de Valter Hugo Mãe, é um romance profundo e comovente que explora temas como a paternidade, o amor, a solidão e a busca por um sentido na vida. Lançado em 2011, o livro é uma das obras mais notáveis do autor português, conhecido por seu estilo único e sua capacidade de captar a complexidade das emoções humanas.

O enredo gira em torno de um personagem central, um homem chamado “O Homem”, que vive numa pequena aldeia portuguesa. Ele é um ser marcado pela solidão e pelo desejo não realizado de ser pai. O Homem, cuja identidade nunca é completamente revelada, é retratado como um ser melancólico e introspectivo, que busca em vão a paternidade. Seu desejo de ter um filho é uma metáfora para a sua busca por pertencimento e por uma conexão mais profunda com o mundo e com os outros.

O romance se destaca pela sua escrita poética e pela construção de personagens profundamente humanos. Valter Hugo Mãe utiliza uma linguagem rica e evocativa para descrever as emoções e as experiências dos personagens. A narrativa é intercalada com momentos de introspecção e reflexões filosóficas que aprofundam a compreensão do leitor sobre as motivações e os dilemas dos personagens.

Os temas da paternidade e da identidade são explorados de maneira sensível e multifacetada. O Homem, que deseja desesperadamente ter um filho, vê em sua ausência uma forma de se redimir e encontrar um propósito para sua existência. No entanto, a sua jornada é marcada por frustrações e desencantos, que refletem uma visão mais ampla sobre o que significa ser pai e como a ausência de um papel pode influenciar a vida de alguém.

O livro também aborda a relação entre o desejo e a realidade, mostrando como as expectativas muitas vezes entram em conflito com a vida cotidiana. A história é permeada por uma sensação de esperança e desesperança, com personagens que lutam para encontrar um sentido em suas vidas. A narrativa é salpicada com momentos de beleza e tragédia, que capturam a complexidade da experiência humana.

A construção da aldeia e dos personagens secundários adiciona uma camada adicional de profundidade ao romance. A comunidade ao redor do Homem é um microcosmo que reflete as suas próprias angústias e sonhos, proporcionando um pano de fundo rico para a história principal. Esses personagens contribuem para a exploração dos temas centrais do livro e oferecem uma visão mais abrangente da vida na aldeia e das dinâmicas interpessoais.

Por meio de uma prosa lírica e introspectiva, Valter Hugo Mãe consegue criar uma obra que é, ao mesmo tempo, universal e íntima. “O Filho de Mil Homens” é uma meditação sobre a busca por conexão e a luta para encontrar um propósito, oferecendo ao leitor uma experiência literária rica e reflexiva. É um livro que desafia o leitor a considerar as suas próprias concepções de paternidade, identidade e pertencimento, deixando uma impressão duradoura e profunda.


*Com auxílio do ChatGPT.

terça-feira, 30 de julho de 2024

Conversando com os meus botões



Na quietude de minha presença, estava ali conversando comigo mesmo. Era um costume que trazia desde minha adolescência, desde até onde consigo vasculhar o passado. Lembro-me que, por volta dos meus 12 anos, enquanto caminhava na avenida daquela cidadezinha do interior, eu boxeava com uma pessoa invisível. Um carro diminuiu a velocidade ao passar por mim, e o motorista mandou: “Bate nele, vai…” Nisso, voltei à realidade e segui caminhando. Era um traço que levaria comigo ao longo dos anos, talvez de introspecção, quem sabe.

Tempos depois, muito tempo depois, estou no quarto conversando sozinho, e então minha esposa me surpreende e pergunta com quem eu estaria conversando. De imediato, não me ocorreu uma reação em palavras; apenas voltei à realidade naquele instante. Pensei comigo: "Ora, ora, minha esposa, estou conversando com meus botões."

Bombinhas, julho de 2024.



terça-feira, 23 de julho de 2024

Anotações acerca de Leite Derramado, de Chico Buarque

 


A riqueza da linguagem de Chico Buarque em Leite Derramado é a primeira impressão que me toca comentar nestas anotações.

Leitura em julho, 2024.

Recortes

Mas não sustentaria uma conversação sobre literatura;
Eulálio d'Assumpção, o Lalinho;
Descarrego;
Ruminava;
Rumo à civilização;
Cear;
Conversas galantes;
Entabulou assunto;
O dinheiro era comedido;
Ia dormir um pouco mareado;
Essa gente do Norte;
Crack da Bolsa de Valores de Nova York;
Dizem que desgraça atrai desgraça;
O sentimento se fecha em repolho;
Gania de dor nas juntas;
Fazenda na raiz da serra;
Mitigasse seu sofrimento;
Vez por outra ia;
Logo distingui o que nele foi ensinado do que era natural;
Parecia má-criação;
Sonhando com ela melei estes lençóis;
Reação destemperada;
Por um instante embasbaquei;
Se bandeava para a oposição;
Minhas raízes no campo conservador não me permitiriam;
Acabrunhado;
Estreitaram sua amizade;
Tenho para mim que aquilo não passava de invencionice;
Era uma brincadeira trivial, qualquer criança passa por isso;
Revolta pueril;
Cabelo pixaim;
Deve ser artista de cinema ou coisa pior;
(nessa frase, Chico sintetiza todo o preconceito da personagem)
Como se eu falasse disparates;
Comecei a considerar a hipótese;
Era como a flor que ao mudar de vaso às vezes fenece;
A casa cheirava a alfazema;
Pequerrucha;
Se com a idade a gente dá para repetir casos antigos, palavra por palavra, não é por cansaço da alma, é por esmero. É para si próprio que um velho repete sempre a mesma história, como se assim tirasse cópias dela, para a hipótese de a história se extraviar;
(aqui Chico Buarque, na pele de uma personagem, faz uma reflexão filosófica bem humorada acerca do processo de envelhecimento)
Temperamento misantrópico;
Tampouco lograva se lembrar;
Batia mais pelo estalo que pelo suplício;
(nesta frase está toda a maldade que uma pessoa pode destilar, era um branco batendo numa pessoa escravizada)
Pareceia serenar;
Ela era leve de espírito;
É esquisito ter lembranças de coisas que ainda não aconteceram;
Se soubesse como gosto de suas chegadas, você chegaria correndo todo dia;
Ora, ora, minha filha, ora, ora;
O garoto era um Assumpção de boa cepa.

Resenha de "Leite Derramado" de Chico Buarque*

"Leite Derramado", romance de Chico Buarque, é uma obra que se destaca não apenas pela maestria narrativa do autor, mas também pela profundidade histórica e social que permeia suas páginas. Publicado em 2009, o livro apresenta uma estrutura narrativa singular: todo ele é contado em forma de monólogo por um homem octogenário, Eulálio Montenegro d'Assumpção, enquanto ele agoniza em uma cama de hospital. Esse formato confere à narrativa uma intensidade e uma intimidade peculiares, conduzindo o leitor por uma jornada através de mais de um século da história brasileira.

Eulálio Montenegro d'Assumpção é um personagem cativante e complexo, cuja voz narrativa revela não apenas suas memórias pessoais, mas também as vicissitudes de sua família e, de certa forma, do próprio Brasil. Através de suas reminiscências, somos transportados para o Rio de Janeiro do século XIX, onde acompanhamos a ascensão e a decadência de sua poderosa família. Chico Buarque entrelaça habilmente a história pessoal de Eulálio com os eventos políticos e sociais que moldaram o país ao longo dos anos, desde o fim da escravidão até os dias mais contemporâneos.

Um dos aspectos mais marcantes do romance é a linguagem rica e poética utilizada por Chico Buarque. Eulálio Montenegro d'Assumpção narra com uma mistura de nostalgia, ironia e lucidez, criando um tom melancólico e, ao mesmo tempo, irônico que permeia toda a narrativa. A prosa fluída e envolvente do autor faz com que o leitor se sinta imerso não apenas na história do protagonista, mas também na atmosfera e nos dilemas de uma nação em transformação.

Além da habilidade técnica na construção narrativa, Chico Buarque aborda temas universais como amor, poder, decadência e memória. Eulálio reflete sobre seus relacionamentos familiares complicados, suas paixões arrebatadoras e as consequências de suas próprias decisões ao longo da vida. Ao mesmo tempo, o autor joga luz sobre as injustiças sociais e as desigualdades que marcaram o Brasil desde os tempos coloniais até os dias atuais, revisitando questões urgentes sobre identidade, classe e poder.

"Leite Derramado" é uma obra que transcende o tempo e o espaço, oferecendo não apenas uma história pessoal profundamente tocante, mas também uma reflexão crítica sobre a história de um país complexo e multifacetado. Chico Buarque demonstra mais uma vez sua maestria não apenas como compositor e letrista, mas também como um dos grandes escritores contemporâneos da literatura brasileira.

Em suma, "Leite Derramado" é um livro que combina narrativa magistral, personagens vívidos e uma profunda reflexão sobre a história e a condição humana. É uma leitura essencial para quem busca compreender não apenas o Brasil, mas também as complexidades universais da vida e da memória.


*Com auxílio do ChatGPT.













sábado, 13 de julho de 2024

Conversas nem tanto imaginarias com meu pai: a Corrida de São Silvestre sob outro olhar


 Lembro-me de que meu pai costumava assistir a todas as corridas da São Silvestre pela TV. "Ligue a TV, acho que está na hora da São Silvestre", dizia ele. 

Quando seu tempo neste mundo estava prestes a lhe escapar, ele brincava. "Vou melhorar, ainda quero correr a São Silvestre um dia!". Sua vida estava por um fio, mas seu senso de humor permanecia inabalável. "Óbvio que não tenho a pretensão de competir com os quenianos", completava. E então deixava fluir aquele seu sorriso de satisfação.

Bom moço, esse seu Aristeu. Espirituoso ele era. 


Clique no link abaixo e veja o vídeo.




 

Sobre o romance Pergunte ao pó, de John Fante



Anotações sobre Pergunte ao pó, de John Fante

Cabe destacar que na edição em análise (6ª edição, 2006) o prefácio é de Charles Bukowski, em 1979. Todavia o livro foi lançado em 1937. Título original: Ask the dust.

Recortes

"Era ainda mais andarilho do que eu".

"Ficava doente depois de cada jogo de futebol em que via o leste perder".

"Todo o que não chegara pouco antes tomou conta de mim".

O cachorrinho riu.

Leitura em julho, 2024.

 Resenha de "Pergunte ao Pó" por John Fante*

"Pergunte ao Pó" é uma obra emblemática do autor ítalo-americano John Fante, publicada originalmente em 1939. Ambientada na Los Angeles da década de 1930, a história narra os tumultuados meses na vida de Arturo Bandini, um jovem escritor de origem italiana que luta para encontrar seu lugar no mundo literário e também no amor. Por meio de uma prosa vívida e intensa, Fante conduz os leitores por uma jornada introspectiva e emocionalmente complexa.

A narrativa se desenrola em torno de Arturo Bandini, um alter-ego literário de Fante, que enfrenta suas próprias batalhas internas enquanto tenta estabelecer-se como um escritor de sucesso. Arturo é um personagem profundamente humano, cujas aspirações artísticas muitas vezes entram em conflito com suas inseguranças e desafios pessoais. Ele oscila entre momentos de extrema confiança e momentos de dúvida intensa, refletindo a luta universal entre o desejo de autossuperação e as limitações impostas pela própria psique.

Central para a narrativa está o relacionamento de Arturo com Camilla Lopez, uma jovem mexicana por quem ele se sente intensamente atraído desde o momento em que a conhece. Camilla é retratada como uma figura enigmática e sedutora, cuja presença na vida de Arturo desencadeia uma série de eventos que alteram profundamente sua perspectiva sobre si mesmo e sobre o mundo ao seu redor. O relacionamento entre Arturo e Camilla é marcado por paixão, conflito e uma busca incessante por identidade e significado.

Além do romance central, Fante habilmente explora temas de identidade étnica, classe social e os desafios enfrentados por imigrantes e seus descendentes na América do início do século XX. A representação vívida de Los Angeles como pano de fundo é essencial para a atmosfera da história, oferecendo um retrato detalhado da cidade durante uma época de transformação social e cultural.

A escrita de Fante é caracterizada por sua autenticidade e crueza emocional, capturando tanto a beleza quanto a angústia da experiência humana. Seu estilo é direto e vigoroso, com diálogos que ressoam com uma energia palpável e descrições que pintam vívidas imagens mentais dos cenários e personagens. A linguagem utilizada é muitas vezes poética, carregada de simbolismo e metáforas que enriquecem a experiência de leitura.

Em última análise, "Pergunte ao Pó" é uma obra que transcende sua época, oferecendo uma exploração profunda da psique humana, dos anseios artísticos e das complexidades dos relacionamentos interpessoais. Através da jornada tumultuada de Arturo Bandini, John Fante convida os leitores a refletirem sobre as questões universais de identidade, amor e autodescoberta. Com uma narrativa poderosa e personagens memoráveis, este romance continua a ser uma obra de significado duradouro na literatura americana.

Em suma, "Pergunte ao Pó" não apenas captura a essência de uma época e de uma cidade específicas, mas também ressoa com uma verdade emocional e existencial que transcende fronteiras culturais e temporais, estabelecendo-se como um clássico moderno da literatura americana.


*Com auxílio do ChatGPT.